Informações Importantes
OS ACERVOS
É com grande satisfação que realizamos nosso primeiro leilão do ano de 2024 reunindo um acervo principal com o eixo centrado em duas coleções distintas com objetos que fizeram parte das vidas afetivas de familiares e amigos que conviveram com os colecionadores Roberto Duailibi, grande publicitário e um dos fundadores da icônica empresa de publicidade DPZ, e Dr. Octavius Salles, que viveu na cidade de Londres durante as décadas de 1970 e 1980, sendo assíduo frequentador e comprador das renomadas casas leiloeiras Christie's, Sotheby's e Phillips. Neste pregão, como não poderia ser diferente, ofertaremos de porcelanas, pratarias e objetos artísticos a tapetes, mobiliários, cristais, colecionáveis e luminárias, destacando as peças de artes plásticas com quadros e esculturas.
Da coleção Duailibi, destacaríamos sua paixão pelas peças representando a iconografia do Rio de Janeiro e sua predileção pelo orientalismo, esta oriunda, possivelmente, de sua ancestralidade. Neste sentido, as peças com paisagens da cidade do Rio, como porcelanas, uma coleção de raros broches e, principalmente, a pinacoteca com quadros de Paulo Gagarin (1885 - 1980), Rubens Bustamante Sá (1907 - 1988) e Henrique Tribolet (1862 - 1908), este com uma bela paisagem do Morro Dois Irmãos, além de uma tela de um artista viajante do século XIX, não identificado, com a vista tomada do antigo terraço do cais do Porto e gravuras de Thomas Ender (1793 - 1875) e François Jacques Dequevauviller (1745 - 1807), se fazem presentes. Na temática orientalista, os destaques da coleção seriam uma rara luminária do grande "sculpteur bronzier" e fundidor austríaco Franz Bergmann (1861 - 1936), uma bela e autêntica escultura policromada de Emile Guillemin (1841 - 1907), a conhecida "Le cavalier arabe revenant de la chasse", com selo de fundição de Banye et Fils, e também esculturas de Augusto Miniati (1885 - 1971) e Auguste Peiffer (1832 - 1886), além de uma dançarina egípcia com atribuição a Giuseppe Gambogi (1862 - 1938). Os tapetes orientais também se fazem presentes nesta coleção, bem como uma sui generis coleção de "serre-livres", não nos esquecendo da coleção com obras de outros grandes artistas brasileiros como Roberto Magalhães (1940), Antonio Henrique Amaral (1935 - 2015), Thomas Ianelli (1932 - 2001), Wega Nery (1912 - 2007), Odetto Guersoni (1924 - 2007), Sergio Rodrigues (1927 - 2014) e Hugo França (1954), além dos amigos pessoais e sócios Francesc Petit (1934 - 2013) e José Zaragoza (1930 - 2017).
O outro eixo principal deste nosso leilão é formado pelo acervo do Dr. Octavius Salles (1922 - 2012), renomado médico e psicanalista que viveu na cidade de Londres durante quinze anos. Como dito acima, Dr. Octavius era assíduo frequentador de leilões na capital inglesa onde, ao longo dos anos em que viveu nesta cidade, adquiriu inúmeros itens de arte e antiguidades de raras beleza e qualidade, pelo que se denota das inúmeras observações que fazia em seus catálogos. Uma pequena amostra da diversidade de itens que adquiria está no raro armário ibérico do século XVII, reproduzido em catálogo da casa leiloeira Sotheby's do ano de 1982, bem como o exemplar de Émile Gallé (1846 - 1904), em assinatura da fase "estrela", listado em catálogo da também casa leiloeira Sotheby's de 1974, sob lote de número 160. Outros três itens que ressaltaríamos desta coleção é um belíssimo crucifixo de marfim e madrepérola, adquirido em leilão da casa leiloeira Christie's em 1974, sob número de lote 62, bem como uma rara garrafa de porcelana chinesa em decoração dita "Kraak" do período dinástico Ming, reinado Wanli (1572 - 1620), com indicação de aquisição em leilão da também casa leiloeira Christie's no ano de 1982, e um tapete turcomano Yomud, circa 1900, com indicação de aquisição em leilão da casa leiloeira Sotheby's, igualmente no ano de 1982.
Em complementação a esses dois acervos principais, também reunimos outros itens interessantes e belos que compõem este nosso primeiro pregão do ano. A destacar, peças pertencentes a herdeiros do presidente da república, Manoel Ferraz de Campos Salles (1841 - 1913), como três mobiliários franceses para saleta de música, elegantemente lavrados em madeira dourada a ouro brunido, assim como pratarias europeia e luso-brasileira, porcelanas europeias, cristais franceses e quadros acadêmicos.
Para complementar, reproduzimos abaixo o texto "Convivendo com arte", um depoimento pessoal especialmente escrito para este leilão pelo colecionador Roberto Duailibi.
CONVIVENDO COM ARTE
Com o primeiro salário que ganhei aos 16 anos, fui à loja da Sears, no Paraíso,
e comprei uma reprodução americana de Van Gogh. Tinha pouca noção de quem
era, mas pela primeira vez uma loja de departamentos vendia uma reprodução
com qualidade gráfica excepcional, bem emoldurada. A admiração foi
instantânea, e o dinheiro que eu havia reservado para comprar um Schuco, foi
para o Terraço do Café à Noite. Fui depois morar na Vila Mariana e nas
proximidades da igreja Santa Generosa havia um estúdio de pintores japoneses,
creio que Fukushima, Mabe, Wakabayashi. Pela primeira vez vi uma tela e
um pintor passando o pincel sobre ela. Por outra coincidência, fui vizinho da
família Ianelli, que tinha dois jovens pintores, Arcangeli e Tomás, quase da minha
idade. Ficamos amigos para sempre.
Lembrei-me então que no Colégio Dom Bosco, em Mato Grosso, onde
estudara, conheci um padre — e é notável que 80 anos depois ainda me lembre
do nome dele — chamado Ladislau Oborra, que tinha por missão viajar pelas
quentíssimas diocéses do interior pintando as paredes e os tetos das igrejas.
Estimulava os jovens a desenhar e promoveu a primeira exposição de desenhos -
a primeira dos vários festivais, concursos e prêmios dos quais particiei pelo
mundo afora.
Um dos prazeres de minha vida era comprar obras de arte - e transformá-las
em coleções. Comecei com uma coleção numismática, com as moedas de prata do
Brasil; passei depois a colecionar as variantes dos 960 Réis de 1810 da Casa da
Moeda do Rio. ( O 960 Réis era cunhado também na Bahia e em Cuiabá sobre os
9 Reales das colônias espanholas).
Meu interesse pela história do Oriente Médio levou-me a colecionar livros e
mapas sobre o Império Otomano, o Líbano e a Síria. Comprei um apartamento só
para abrigar os 1.200 volumes sobre o assunto, que acabei doando para a Câmara
de Comércio Árabe-Brasileira, a qual já tinha uma bela coleção e parecia-me a
melhor instituição para cuidar do acervo. Ao mesmo tempo iniciei uma coleção
das medalhas gravadas por Giuseppe Antonio Girardet, que foi sem dúvida o
melhor gravador que viveu no Brasil. Vizinho do apartamento onde tinha a
coleção orientalista, colecionei outra só sobre livros de interesse geral, em várias línguas, doada também para a biblioteca da comunidade do Real Parque.
Quando abrimos uma filial da DPZ no Rio de Janeiro, na Praça Nossa Senhora
da Paz, a intensa atividade dos clientes da antiga capital, obrigou-me a comprar
um apartamento em Ipanema, onde espontaneamente comecei uma coleção só
sobre livros, esculturas e iconografia tendo como tema o Rio de Janeiro. Creio que
nessa ocasião juntei o maior número de Gallés, de todos os tamanhos, tendo
como tema as paisagens cariocas.
Outra coleção que tinha em São Paulo era de um escultor catalão que viveu na
década de 30 em Assunção. Chamava-se Serafin Marsal e, apesar de seu imenso
talento, para sobreviver esculpia pequenas figuras em argila dos populares que
habitavam a capital paraguaia, então uma aldeia. Eu tinha o maior prazer
quando descobria uma dessas figuras nas feiras e antiquários do Rio (só as
encontrava no Rio) e percebia que o vendedor não tinha a menor noção de quem
fôra Marsal.
Por que as pessoas colecionam tantas coisas? Além do prazer da posse, da
convivência com outros colecionadores, há, na minha opinião, um motivo
subjacente, que é o desejo da imortalidade. Colecionar dá impressão que você vai
viver para sempre. E possuir, estudar, descobrir detalhes, conhecer a história de
cada peça faz de você uma pessoa melhor. Não o transforma em imortal, mas faz
você viver muito mais intensamente. ROBERTO DUAILIBI
Esperamos que apreciem mais este pregão montado com dedicação e esmero.
A todos desejamos boa sorte em seus lances, belas compras e, principalmente, prazer em acompanhar mais este leilão de VM Escritório de Arte.
NOTAS DE LEILÃO
No caso de retirada dos lotes arrematados, a mesma deve ser feita previamente pelo e-mail vmescritarte@gmail.com, ou via telefone (11) 99134-4663 / (11) 93943-8664.
Leilão 41825 LEILÃO COLEÇÕES PRINCIPAIS SYLVIA E ROBERTO DUAILIBI E DR. OCTAVIUS SALLES, E O. C.
Leilão Finalizado
Exposição
De 18 a 31 de Março de 2024
SOMENTE ONLINE
Leilão
Dias 1, 2 e 3 de Abril de 2024
Segunda, Terça e Quarta-Feira às 20:00 h
SOMENTE ONLINE
Leiloeiro
Local
Rua Augusta, 2.203 - Lojas 18/25 - Galeria América - Jardim Paulista - São Paulo
Telefone : (11) 93943-8664